segunda-feira, outubro 30, 2006

Ainda aquele cheiro...

Acredito que por uma falha de articulação, ou de redação mesmo, o último post assumiu um caráter político partidário. Não era o caso. Sem dúvida trata-se de uma argumentação política, ou politizada, mas não era pretensão minha fazer apologia a qualquer candidato. As minhas decepções e angústias são as mesmas do povão em geral. Antes de responder, esperei acontecer o segundo turno e ver os resultados, os números. E não aconteceu diferente, uma votação esmagadora do Norte e Nordeste ao candidato Lula. Assim, continuo com a idéia anterior: os conterrâneos fizeram a diferença.
Para meu espanto, ouvindo hoje pela manhã à rádio CBN, um brilhante escritor do qual inclusive sou fã, comentava que quem elegeu o Lula foi “um povo que não lê jornal, não vê televisão ou, quando vê, só se interessa por novela, um povo que não quer saber de dossiê, mensalão...” e por aí discorreu seu discurso.
Mesmo diante do fato consumado, parece que não querem aceitar que esse povo aí descrito, e nem vou questionar a descrição, definiu sim o destino da eleição. Isso não quer dizer que sejam melhores ou piores. Democracia é isso mesmo, todos participam, a maioria decide e merece respeito. A melhor frase desse final de festa foi do FHC: “esse negócio de terceiro turno é golpe”. Ou seja, ganhou, levou.
Rancores à parte, vou deixar o assunto por aqui agradecendo cada comentário dos amigos, independente do teor, porque, como já disse, democracia é assim mesmo. Quanto ao comentário do meu querido Cony na CBN, bem, talvez ele tenha sido infeliz na articulação, mas que cheirou a preconceito, cheirou.

terça-feira, outubro 17, 2006

Conterrâneos

Recentemente ouvi um jornalista elegante afirmar que o Lula conseguiu dividir o país. Em evidente pobreza de análise e de espírito, porque preconceituosa, alguns veículos de comunicação, uma espécie de “quarto poder” em nosso país, tentam implantar, ou plantar, mais um absurdo nacional. Agora, nossos irmãos nordestinos, subdesenvolvidos, são os eleitores do Lula. Já os do sul, elite sócio-econômica, são os eleitores do Alckmin.
As mesmas fontes tentam manter no ar a idéia de que os eleitores de Lula são ignorantes, corruptos, ladrões, ilegais, venais e agora, pasmem, nordestinos. Deixam velado que esses eleitores apóiam a corrupção e todo tipo de ilegalidade. Uma associação escandalosamente suja e maldosa. Mais um ataque à democracia patrocinado pelas elites brasileiras. Nojento!
Se realmente o povo do norte e nordeste foi responsável pela maior votação do Lula, o Lula é o menos importante. Vejo enorme importância no fato dessa população poder influenciar no destino de um país que sempre subestimou-a e esqueceu-a. Deixaram de ser manchetes do Fantástico, exibindo às elites, nas noites de domingo, humilhantes degustações de calangos e mandacarus. Dessa vez, tentando novamente responsabilizá-los pelos supostos desastres nacionais, eles “elegem o Lula”.
Sou carioca. Daqueles de falar “mermão”, expressão máxima do “carioquês”, e transformar o “s” em “x” nas palavras que falo. Me considero uma elite por ter podido estudar, receber um bom salário, ter acesso à cultura, ter casa, carro, comida e saúde. Tenho orgulho de ser neto de cearense e, mais que isso, ter vivido para ver esse povo tão brasileiro quanto eu participar e poder decidir os destinos do nosso país. É um fato histórico e sociológico importante que estão tentando encobrir.
Aquelas criaturas famintas, que produziam falsas lágrimas nas elites, estão aí mostrando que podem, e como podem! Fazendo uma revolução pelo voto. Honesto, livre e democrático. Um voto de barriga menos vazia. Uma mudança no Brasil.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Umze na Cozinha - Filés Flambados, com Redução de Goiabas e Pera, em Lençóis de Beiju

Compre um pedaço de filé macio. Carnes macias sempre convidam a prazeres e pecados. Quantidade? O suficiente para cortar transversalmente dois pedaços da largura de dois dedos. Dedos másculos. Ainda nas compras, adquira goiaba vermelha, umas três, uma pêra levemente madura, as maduras são sempre muito interessantes, e tapioca. Certifique-se de ter na despensa farinha de trigo e na geladeira um limão, manteiga, azeite, requeijão, pimenta moída, sal e... uma boa vodka. Ah, não tem vodka? Uma cachacinha ou um conhaque também serão bem aceitos. Separe dois copos da bebida, duas doses.
Já na cozinha, corte o filé, tempere com sal e pimenta em ambos os lados e reserve as delícias.
Descasque as goiabas e leve ao liquidificador com um copo de água. Pode ser um daqueles de geléia. Bata e coe o suco da goiaba. Reserve essa beleza avermelhada. Descasque a pêra, separa uma fina fatia para a decoração final e corte o restante em lascas finas, colocando-as numa tigela com água e algumas gotas de limão. Preservará a branca beleza das frutas.
Coloque a tapioca numa tigela e umedeça levemente, com muito carinho. Salgue da mesma forma. Numa frigideira aquecida espalhe uma fina camada de tapioca, em formato circular, como um CD. Verifique se ganhou unidade, como uma panqueca. Bem antes de começar a dourar, solte as bordas com uma espátula e vire para consolidar o cozimento. Repita a operação com outro beiju. Ainda branquinhos, como lençóis, arrume-os no prato a ser servido.
Coloque umas três colheres de sopa do azeite e uma de manteiga numa frigideira levada ao fogo. Unte os filés em farinha de trigo e leve-os à frigideira. Doure um lado. Doure o outro lado. Lance uma das doses da bebida à frigideira e flambe as carnes até que as inebriantes labaredas desapareçam. Retire as peças, deposite-as sobre os lençóis de beiju. Utilizando a mesma frigideira com os caldos remanescentes, coloque o suco da goiaba, uma colher de sopa de requeijão e as lascas de pêra cozinhando-as brevemente, apenas o suficiente para reduzir o suco e amolecer a fruta. Uma vez no ponto, coloque lascas de pêra sobre os filés e regue-os com um pouco do caldo formado. Utilize a fatia de pêra e o caldo restante de goiaba para decorar. Acompanha um arroz branco e, principalmente, uma pessoa não menos deliciosa para compartilhar o prato.
Quanto à outra dose da bebida? Bem, brinde à obra, à companhia e deleitem-se.
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