sexta-feira, abril 29, 2005

Bicho de Sete Cabeças

Não resisti a esta pérola do Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Renato Rocha.
Os bichos de sete cabeças estão aí mesmo, povoando nossas vidas e nossas mentes, muitas vezes criados por elas próprias. Para pensar na cama.....

Não dá pé, não tem pé nem cabeça
Não tem ninguém que mereça, não tem coração que esqueça
Não tem jeito mesmo
Não tem dó no peito, não tem nem talvez
Ter feito o que você me fez, desapareça
Cresça e desapareça

Não tem dó no peito, não tem jeito
Não tem ninguém que mereça, não tem coração que esqueça
Não tem pé, não tem cabeça
Não dá pé, não é direito
Não foi nada, eu não fiz nada disso e você fez um
Bicho de sete cabeças

segunda-feira, abril 11, 2005

Aplausos

Naquela dia especial, pegou um táxi para ir ao trabalho. Atrasada, pediu ao motorista que se apressasse um pouco, explicando-lhe o motivo. Foi prontamente atendida. Pedido com tamanha doçura não merecia contestação.
Ao chegar, verifica no taxímetro o valor e oferece o dinheiro ao condutor. Sua mão delicada fica estendida no ar. O motorista recusa o pagamento:
- A senhora me deu o prazer de sua presença no meu táxi. Não tenho como cobrá-la.
Ela sorri, agradece e segue ao trabalho. Não era a primeira vez.
Atravessava aquela praça diariamente no trajeto entre a rua e o local de trabalho. Junto à calçada, aquela habitual fila de meninos pretendentes a empregos parou uma animada conversa sobre o futebol. Afinal, Ela passava.
Vestido solto, cabelos longos, vermelhos.
Não caminhava, desfilava.
Os pequenos aspirantes a boys, tomados pela cena, aplaudem animadamente sua passagem.
- Parabéns, doutora! Derramam-se num coro.
Ela recebe o elogia meio desconfiada mas sorri discretamente. Era sincero.
Desse povo vêm os verdadeiros elogios, já diziam em Madureira.
Firma o passo de princesa e sente o frescor do vento subir pelas pernas sem meias, nem peças íntimas.
Chega à sua mesa, pega o telefone e faz uma ligação.
- Tudo certinho? Preenche o espaço com sua voz.
Ele, do outro lado, responde que sim com carinho.
Ela senta, relembra a noite anterior, a manhã, e tem a súbita vontade de transar com ele na escada de emergência do prédio.
- Pena você estar tão longe... Suspira.
Ele não entende. Gosta, mas não imagina o desejo.
Ela se recompõe, manda beijos e se entrega ao dia, esperando pela noite.
Tinha o poder.
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