segunda-feira, novembro 28, 2005

Em Água e Cinzas

Esta página está passando por uma reformulação. Como aquela obra que a gente faz sem dinheiro, isso está demorando uma eternidade. Dinheiro no meu caso chama-se tempo, já que o papel moeda eu tenho visto pouco. A idéia é torná-la mais interativa e dinâmica. Aliás, se algum desses adoráveis leitores que ainda esbanjam paciência visitando este blog puderem me ajudar com dicas de html agradeço imensamente.
Sempre fui de fazer muitas coisas ao mesmo tempo e pensar muitas coisas ao quadrado no mesmo tempo, mas tenho aprendido que a literatura não se presta a isso. Esse é um dos principais motivos da minha ausência no seu monitor com algum texto novo.
Tenho andado pelas ruas com papéis nos bolsos, camisa saindo da calça, gravata torta e olhar perdido. Penso e escrevo. Anoto resumos, personagens e rimas. Não tem lugar nem hora. Às vezes esqueço dos papéis e quando releio não vejo mais sentido em nada. Acho que minhas idéias são como nuvens cansadas de esperar que se entregam ao primeiro vento e se dissipam.
Há poucos dias li no jornal uma reportagem com J.K. Rowling onde ela conta suas aventuras e desventuras editoriais. Para meu consolo (pretensão!), o livro que abriu as portas da literatura e dos bancos à loura, foi idealizado numa viagem de trem lá por volta de 1990, resistiu ao esquecimento e foi inicialmente escrito em papéis avulsos nas mesas de um café comum. Após isso, Harry Potter (que eu não li) resistiu a uma separação da autora, uma profunda crise de depressão, falta de grana, mudanças de casas e de países até ser concluído na Escócia e publicado sete anos depois.
Moral da história? Escrever é arte e como tal merece ser concretizada. As nuvens estarão ao alcance se permitida sua condensação. Idéias fluindo, líquidas, transparentes como água que vem do céu. Transcendentes.
Quem escreve, meus amigos, nunca morre nem deixa nada morrer no esquecimento, no tempo, na dor.
Quem escreve, imortaliza-se por amor, sem cobranças de gratidão. Uns gostam, outros não, e as águas rolam.
Se você não me achar por aqui e até pensar que eu morri, não sopre minhas cinzas. Deixe-as quietinhas no mesmo lugar. Eu volto.
eXTReMe Tracker