quinta-feira, setembro 22, 2005

Visitas Inoportunas

Recentemente li na Folha de São Paulo um artigo sobre fanatismo. Perdoe-me o articulista por não lembrar o seu nome, mas uma frase me chamou à atenção. Falava sobre o prazer dos moralistas em atribuir a castigos divinos as tragédias, sejam elas pessoais ou coletivas, que por infortúnio venham a recair sobre as vidas daqueles que são felizes e não comungam com seus ideais reacionários.
Ora, estar livre de situações infelizes na vida é estar condenado ao não existir.
Mas essas enfermas criaturas, imbuídas de uma missão pseudo-apostólica e não satisfeitas em assistir à tal fúria divina, saem ao mundo numa cruzada insana impondo seus semelhantes ao seu próprio julgamento.
Quem lê este blog já pode ter percebido que periodicamente sou visitado por um leitor, provavelmente leitora, que se intitula Fullana ou assume outros nomes. Tal criatura atua incluindo inúmeros comentários desconexos e incompreensíveis, inclusive me ameaçando com a ira divina ou a sua própria. Não satisfeita, está procedendo da mesma forma em blogs de amigos e, pior, citando o meu nome.
Entendo que o personagem Fullana seja fascinante e muitos desejem estar “na pele” dela, seja pela personalidade marcante ou pelos elogios descarados que o autor assume integralmente, numa sincera declaração de admiração e, às vezes, amor. É certo que alguém do mundo real serve de base ao personagem, alguns enredos e características. Nunca neguei. Mas prefiro Fullana na ficção e sua identidade ficará protegida assim eternamente. Ela nunca comentou no meu blog e sequer sei se ela o lê. Se comentasse, traduziria sua cultura, equilíbrio, discrição e, mesmo anônima, nunca importunaria ninguém me usando como referência, muito menos valendo-se de qualquer outra alusão religiosa.
Assim, tenho me limitado a excluir os comentários que aparecem e sugiro o mesmo a quem se sentir importunado.
Nessa temporada de Katrinas, Olgas, Ritas e outros, lembrei-me dos furacões com nomes femininos que já varreram a minha vida. Como bem definiu Fullana certa vez, sou flexível e talvez por isso tenha resistido a todos eles. Desafio à ira divina? Não penso nisso. Prefiro crer no amor, divino ou profano.
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