quinta-feira, agosto 04, 2005

A Verdadeira Cor

Não tenho coragem de furar fila.
Tenho vergonha de fazer xixi na rua, questão de saúde pública.
Me esforço para não acelerar o carro quando alguém liga a seta e indica que vai ocupar um lugar à minha frente no engarrafamento.
Não tenho vontade de roubar e acho o roubo deplorável.
Torço para não achar nada na rua e experimentar a angústia de ter que devolver, por estar consciente de que isso é o correto e de que o meu achado pode estar fazendo muita falta a alguém que pensa como eu, ou mesmo que pense diferente.
Não persigo ambulâncias ou carros de bombeiros tentando chegar antes dos outros no trânsito.
Jogo na loteria e quero ganhar desde que por acaso ou sorte.
Não ultrapasso em acostamento quando o trânsito está engarrafado.
Não acredito em perfeição, já que tenho dificuldades em definir Deus de uma forma compreensível.
Penso que só a própria pessoa sabe definir sua dor.
Quanto ao amor, é indefinível, mas sensível em plenitude, mesmo que à distância.
Entendo que só a educação salva porque permite elaborações, associações, conclusões, concordâncias e discordâncias. Senso crítico.
Tento compreender as fraquezas humanas, sem compactuar com elas, mas somente após ter passado meu ódio que, felizmente, passa rápido.
Acho que o tempo cura tudo.
Pouca coisa é melhor que sexo, com quem desejamos.
Acredito que é possível o bem comum.
Armas poderiam ser banidas.
Minhas atitudes às vezes são desastrosas, mas corrigíveis.
Minhas declarações às vezes inconsistentes, mas devo tentar explicá-las.
Minha fé sofre vacilações, mas persiste depois que durmo.
Não fumo simplesmente porque fumar mata e não quero matar ninguém.
Não quero levar vantagem em tudo.
Acredito nas oportunidades iguais a todos, como bem disse Ordisi.
Essa é a verdadeira cor da minha bandeira, que pode estar tingida, sob qualquer matiz.
A cor fica a cada gosto.
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