sexta-feira, maio 13, 2005

Renascendo

Eram mais de quinze dias de tristeza. Aquilo já estava incomodando.
- Espera aí rapaz! Que é isso? Pensava.
Existe uma patologia que define esse negócio do cara falar com ele mesmo, mas não estava ligando para isso.
- Que você fez para estar nessa situação? Deixa de ser bobo, vá à luta. Insistia consigo mesmo.
Ficava lá, parado, pensando. Parecia um bobo mesmo. Para quem não o conhecesse era um bobo.
Cansou de esperar. A sua natureza astrológica aflora. Às favas o ascendente, era evidente o signo solar.
Levantou, tomou um banho demorado.
Ligou o rádio. Transcreveu num bilhete, uma letra de música de Francis Hime e Chico:
Mas devo dizer que não vou lhe dar o enorme prazer de me ver chorar, nem vou lhe cobrar pelo seu estrago...
Passou a limpo e mandou para ela, mesmo sem saber se leria. Isso já não tinha importância.
Tomou um chope com amigos, falou de futebol e mulheres. Já de saída, perguntaram por Fullana. Ele praguejou feliz.
- Aquilo não vale uma gota da minha porra!
Os amigos estranharam, mas riram, solidários. Ele era franco.
Voltou para casa e masturbou-se, pensando nela, claro.
O amor não passa tão rápido assim. Devagar com o andor.
Também não chorou mais, isso é verdade. Estava renascendo.
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