segunda-feira, maio 09, 2005

Suíte 102

- Ai, meu Deus! Não gosto de Motel.
- Porque?
- Tem uma vibração pesada. Parece que tem maus fluidos. Posso levar um turíbulo?
- Turíbulo? Para quê? Ele levou um susto.
- Para dar uma defumadinha antes. Pode? Fullana derramava-se em charme.
Ele sorria, achava que era piada. Ela insistia na necessidade de defumar o ambiente antes de entregarem-se ao amor num motel.
- Não sou de freqüentar esses ambientes, acho que vou estranhar.
- Ta bom, pode levar. Concordava ele.
Foram. Estava disponível a suíte 102.
Entraram sem turíbulo, nem defumador. Esqueceram. Era de menor importância.
Despiram-se entre beijos e carícias. Ela molhou os cabelos a pedido dele. Tinha tara nos cabelos molhados dela. Ela alimentava.
Entregaram-se ao sexo erótico e amoroso. Amavam-se e desejavam-se.
Ela, como sempre, gozando setenta e tantas vezes. Ele, nem tantas. Às vezes apenas uma única vez, suficiente para experimentar o doce prazer dela a banhar-se nele.
Ele era um show, Fullana afirmava. Ela dava o show, ele admirava.
O tempo passou sem perceberem. O tempo e o turíbulo já não tinham a menor importância. O motel sim, era sempre o mesmo.
Sempre que chegavam, a suíte 102 estava lá, arrumada, com suas paredes em tom de verde suave, sua iluminação discreta e aquela banheira dupla esperando o casal. Estavam em casa.
Mesmo assim, sempre exaustos após o sexo, ela fazia questão de velar, abraçada, o rápido sono dele. Era para protegê-lo dos maus fluídos.
Que mulher!
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